sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O Comboio dos Órfãos de Christina Baker Kline (opinião)

O Comboio dos Órfãos

Christina Baker Kline       ASA

Sinopse
Em 1929, Nova Iorque é uma cidade vibrante mas cruel para com os mais fracos.
O número de órfãos a viver nas ruas multiplica-se. Demasiado visíveis, estas crianças são um incómodo para o qual é encontrada uma solução radical. 
Em comboios que partem rumo ao interior dos Estados Unidos, os órfãos são amontoados e oferecidos a quem os quiser receber, os seus destinos entregues a desconhecidos, as suas vidas à mercê do acaso.

Vivian teve em tempos um lar e uma família. Após o incêndio que matou os seus pais e a deixou só no mundo, ela passa a ser apenas mais uma entre as centenas de crianças forçadas a embarcar no “Comboio dos Órfãos.
Décadas depois, Molly Ayer, uma jovem que não conhece outro sentimento que não a rejeição das famílias de acolhimento por onde passa, é acusada de roubar um livro. Ela sabe que, agora, ninguém a defenderá. Com aquele livro, morrem também os seus sonhos.  
O fio do destino vai ligar estas duas mulheres. Vivian e Molly são mais parecidas do que imaginam. E no dia em que Molly decide solucionar o grande enigma do passado de Vivian, sem o saber, vai encontrar a sua própria salvação. 
Um relato épico centrado numa realidade da História americana há muito esquecida…

A minha opinião
Para começar quero dar os parabéns à ASA pela magnifica capa do livro. É super apelativa. Adorei-a.
Uma história bastante forte e intensa que mistura ficção e realidade. As duas completam-se uma à outra.
Um drama que nos agarra da primeira à última página. Uma escrita simples, fluida, melodiosa, suave e cativante. Esta narrativa é baseada em factos verídicos e históricos da América do principio do século XX.
As emoções e os sentimentos arrebatam-nos desde o inicio. O sofrimento e a tragédia de Molly e de Vivian, toca-nos ao coração. Escusado será dizer (já devem saber) que sou fã de livros que nos relatam e transportam para épocas históricas. Em 1929 deu-se inicio a Grande Depressão também conhecida como a Crise de 1929, também poderão consultar aqui a falta de empregos, levou a que milhares de pessoas nos EUA, abandonassem as suas casas, a pobreza, o sofrimento porque passaram foi enorme, a subnutrição e as condições de vida eram precárias. Refiro que neste momento em Portugal, muitas pessoas estão a passar por situações idênticas, devido à instabilidade e à recessão que se apoderou do nosso país.
Tragédias, catástrofes, considerado como um dos maiores cataclismos mundial, pois o mundo esteve todo envolvido. O pior e mais longo período de recessão económica do século XX. Um livro simplesmente arrebatador, imensas pesquisas foram efectuadas
Muitas lágrimas e arrepios se acercaram de mim na história passada por Niamh/Dorothy/Vivian. Por hábito, já sou uma chorona nos livros que me tocam ao coração. As sensações que senti ao ler estas passagens foram muitas e enormes.
A narração transcreve-nos o presente e o passado de Vivian e Molly, embora sejam pessoas que vivem em séculos diferentes e que não se conheceram no passado, iremos verificar que entre elas existirá um elo de ligação. Ligação esta devido às adversidades e às desgraças porque elas passaram na sua infância. Ambas perderam as famílias ainda crianças e foram dadas para adopção.
O comboio dos órfãos, existiu mesmo na América. As crianças eram transportadas nestes comboios de terra em terra, tratadas e conduzidas como se fosse um leilão. Eram expostas e escolhidas pelas famílias adoptantes. Famílias estas, que por vezes eram mais pobres do que as delas tinham sido. A sujidade, a imundície habitava na maioria das famílias que adoptavam estas crianças.
Onde levaria aquele comboio Niamh, qual seria o futuro dela?
Vivian é uma senhora idosa, adversa às novas tecnologias, expressa que são “uma moda passageira” ela narra a sua história a Molly baseada em objectos que vai retirando de várias caixas, guardadas num sótão empoeirado pelo tempo. Durante a sua vida foi guardando lembranças atrás de lembranças e daí as suas recordações.
Molly era uma rapariga revoltada que saltava de lar em lar, sem conseguir-se afixar em lado nenhum para o qual era enviada.
Juntas vão conseguir superar feridas que estavam guardas no fundo do coração de cada uma. A diferença de idade, não se revelou problemática, nem se notou falta de comunicação. Entre elas nasceu uma enorme empatia.
Há sempre uma nova oportunidade, é preciso é que a queiramos aceitar. Não nos devemos fechar mas sim agarrar o que a vida tem para nos oferecer. O futuro a Deus pertence.
Recomendo a leitura deste livro que nos transporta para uma época onde a miséria abundava.
Muito Bom
As primeiras páginas poderão ler aqui 


Sobre a autora:
Christina Baker Kline nasceu em Cambridge e cresceu dividindo o seu tempo entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Foi professora de Escrita Criativa, Literatura Inglesa, Teoria da Literatura e Estudos de Género nas universidades de Yale, Drew e NYU.
Para além do seu trabalho como ensaísta e editora, é autora de cinco romances. Vive em Nova Jérsia com o marido e os filhos.






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