sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os Sonhos que Tecemos de Kate Alcott (opinião)

Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 312
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892328614

Dimensões: 154 x 233 x 27 mm
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática:
Livros em Português
Literatura > Romance



Sinopse
Alice Barrow desafia todas as convenções ao abandonar o mundo rural e tacanho onde nasceu. Numa época em que as mulheres são cidadãs de segunda categoria, o seu emprego na fiação da família Fiske é um passo importante rumo à emancipação. As "meninas da fiação" trabalham longas horas em condições precárias mas a alegria que as une é completamente nova para ela. Um dia, até dá por si a cometer a "extravagância" de celebrar o seu primeiro salário com a compra de um chapéu. É apenas um objeto mas vai ganhar a força de um talismã.
Inadvertidamente, Alice capta a atenção de Samuel Fiske, filho do dono da fábrica. Samuel é um enigma. Frio e impenetrável, tem o condão de contrariar frequentemente a própria família. O seu fascínio por Alice é a derradeira afronta aos pais e à ordem social. Será amor ou mero capricho?
O teste aos seus sentimentos será abrupto. Quando uma jovem muito especial aparece morta, toda a hierarquia de poder é posta em causa. O que se segue é um eco da luta ancestral entre ricos e pobres, poderosos e oprimidos. Apenas os mais determinados conseguirão vingar. Apenas um amor verdadeiro poderá sobreviver.

A minha opinião

“Os Sonhos que Tecemos”, é uma história de época bem estruturada, desenvolvida, elaborada, envolvente e baseada em factos verídicos.

A escrita da autora é simples, fluida e directa e toca os nossos corações. Uma narração que contempla os direitos humanos, a violação dos direitos dos trabalhadores, a protecção dos indivíduos e das crianças e os valores humanos, morais e sociais. Rumo à emancipação da mulher.

Uma história que nos atinge através dos seus personagens de tão fortes e íntegros que são. A autora descreve-nos com precisão a condição das mulheres no inicio do século XIX.

As mulheres começam a trabalhar nas fábricas pela conquista dos seus direitos e a luta pela igualdade com os homens. Principalmente eram solteiras e viúvas, as raparigas tinham menos de vinte anos de idade, por vezes também havia crianças na idade dos dez anos. As fábricas tinham na sua maioria mulheres ao serviço.

O capitalismo industrial marcou assim o desenvolvimento do sistema fabril.

Alice Barrow abandona o mundo rural onde vivia com o seu pai para ir à aventura e lutar por uma vida melhor. Vai trabalhar para a fábrica de fiação da família Fiske, na localidade de Lowell, Massachusetts, América. Revela-se uma rapariga forte, lutadora, determinada amiga e segura de si. Vai lutar pelos seus direitos e pelos das suas colegas.

Embora fosse amiga de todas, a sua melhor amiga era Lovey uma rapariga alegre, divertida e aventureira. Viviam numa pensão sobrelotada, onde a limpeza e a alimentação eram parcas. Embora as condições fossem miseráveis e deploráveis, a amizade imperava entre elas. Tentavam ajudar-se mutuamente e ainda arranjavam tempo para a brincadeira, e também tapavam dos patrões quando alguma delas estava doente, resultado da inalação do algodão.

Quando numa manhã fresca e ensolarada em Cooper  Island envolvido mistério,  aparece o corpo de uma mulher  que já se encontrava congelado. O corpo desta rapariga era da amiga de Alice.  Quem estaria envolvido nesta misteriosa morte?

Teria Lovey cometido suicídio, ou teria sido homicídio?

Alice, vai lutar com todas as suas forças em tribunal para que se faça justiça relativamente à morte da amiga contra um ministro da Igreja Metodista. Vai ser um julgamento importante, extenso e penoso pois estavam envolvidas classes sociais diferentes. Mas Alice não vai “baixar os braços” desistir de provar a inocência da amiga.

O amor entre classes sociais também na época não era bem aceite pelos familiares e a própria sociedade. Alice vai-se apaixonar por Samuel Fiske filho dos seus patrões.

Conseguirá um amor proibido resistir a todos os preconceitos e sobreviver nesta época?
Adorei a história e de como a autora nos soube envolver desde a primeira à última página. Um livro que se lê sem darmos por ele, não conseguimos parar porque queremos sempre saber o que vem a seguir. Uma leitura cativante, compulsiva e aprazível.

Recomendo a leitura do livro, e mais uma vez dou os parabéns à ASA pela magnífica capa e por nos ter ofertado com tão deliciosa, admirável e excelente história.


Sobre a autora

Kate Alcott é o pseudónimo da jornalista Patricia O’Brien, autora de vários livros de ficção e não-ficção. O seu romance The Dressmaker é um bestseller e está já a ser adaptado ao cinema, com Kate Winslet no papel principal. Licenciada pela Universidade de Oregon, a escritora vive atualmente em Washington D.C. É casada e tem quatro filhas.







Não poderia deixar de citar aqui a Revolução Industrial e partilhar algumas fotos das fábricas de Fiação da época.












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