segunda-feira, 15 de junho de 2015

À Conversa com Ana Ribeiro autora de Um Amor Inexplicável


Portuense por nascimento (1987), Ana Ribeiro sente-se cidadã de Chaves, onde reside desde sempre.
Fascinada desde pequena pelo mundo dos laboratórios, veio a licenciar-se em Análises Clínicas e Saúde Pública. Fascinada igualmente desde pequena pela escrita de diários, continua ainda hoje a fazê-lo - para se expressar e registar todos os momentos da sua vida, porque um dia mais tarde saberá bem recordar! Por fim, a poesia entrou na sua vida em 2009, quando escreveu o primeiro poema, iniciando um percurso de apresentação aos outros e de participação em concursos literários, culminando na escrita de Diário de uma vida.



Estivemos à conversa com Ana Ribeiro de uma simpatia extrema.


Obrigada pelas simpáticas e gentis palavras com que nos brindou e pelo tempo que nos dispensou.


1) Ana fale-nos um pouco sobre si?
Tenho 28 anos, nasci no Porto mas vivo desde sempre em Chaves. Sou licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública, mas atualmente não exerço na área. Dedico-me quase a tempo inteiro à escrita: aos meus projectos literários e ao meu blogue:
http://omeublogdeescrita.wordpress.com, que criei em 2013, exclusivamente para divulgar os meus textos, os meus livros, novidades do meu percurso literário e abordar outros temas de carácter mais geral: música, livros, filmes, coisas do dia-a-dia. Mas o objectivo principal é a divulgação do meu trabalho de escrita.

2) Quando começou sua paixão pelos livros e o gosto pela escrita?
Desde muito nova que adoro ler, uma espécie de vício passado pelos meus pais e que tem vindo a aumentar com o tempo. Lembro-me perfeitamente de na minha adolescência quando fazia anos adorava que me oferecessem livros, cheguei a receber 20 (lidos num mês!), ainda hoje é um dos melhores presentes que me podem dar. Adoro ler e tenho sempre dois ou três livros da mesa-de-cabeceira e um que me acompanha na mala para todo o lado. Qualquer lugar ou momento serve para ler umas páginas, os livros são uma grande companhia.
A paixão pela escrita veio aliada a leitura, os primeiros livros que li foram da colecção “Uma Aventura” da Caminho, na altura vinha um cupão dentro dos livros para os jovens se inscreverem no Clube Caminho Fantástico; estou inscrita desde essa altura. Recebia trimestralmente uma revista do Clube onde havia uma secção onde os leitores podiam escrever; comecei a escrever pequenos textos e a participar em desafios de escrita, onde cheguei a ser premiada em alguns deles.

Mais tarde, descobri o gosto pela escrita de diários que mantive até há bem pouco tempo, descobri como era engraçado registar a nossa vida em papel e foi assim que o “bichinho” da escrita se intensificou.

Em 2009 escrevi os primeiros poemas, que viriam a ser publicados em livro, dois anos mais tarde.

3) Não sendo a escrita a sua profissão, como concilia as duas actividades?
Neste momento encontro-me desempregada e como tal dedico-me em exclusivo à escrita.

4) Antes de publicar este livro, bateu a várias portas de Editoras?
Sim. Mas disseram-me que não tinha conteúdo editorial para ser publicado. Penso que, não seria bem o facto de não ter conteúdo editorial, era mais a questão da temática ser delicada e complicada. Não é uma temática fácil de aceitar e as editoras ficam um pouco renitentes, pensado na forma como o público reagirá.

5) Qual a sensação ao editar este livro pela Capital Books?
É uma sensação muito boa, um sonho tornado realidade. De todos projetos de prosa que já escrevi este foi o mais desafiante e exigente (precisei de pesquisar, de ler muito, de ver filmes sobre o tema) e devido à temática em si eu queria muito publicá-lo, para que sirva de esperança a crianças e jovens que estejam neste momento a batalhar contra o cancro. Tem objetivos mais concretos, mais definidos; não passa de uma história de ficção, mas com a diferença de ter como base um tema tão intenso e nesse aspecto sinto o peso da responsabilidade.

6) Como se sentiu ao ser agenciada por esta Editora?
Foi uma surpresa muito boa. A editora contactou-me no âmbito do meu blogue, não fazia ideia que eles seguiam o que eu ia publicando por lá, e nesse sentido fui surpreendida pela proposta de edição de um texto meu. Pensei logo nesta história que agora publico, pelo forte desejo que tinha de a publicar.

7) “Um Amor Inexplicável” expõe um conteúdo bastante sensível como a leucemia. O que a levou a escrever sobre este tema tão delicado?
Por ser um tema actual, já muito retratado culturalmente: em filmes e livros, por ser o tipo de cancro que mais afeta crianças e jovens (e eu ter acompanhado alguns casos de crianças com cancro e testemunhos verídicos como o da Sofia Lisboa dos Silence 4. Aprendi muito com o livro dela e inspirei-me também na sua história para este livro) e porque queria abordar algumas questões específicas ligadas a esta doença e aos jovens. Como a questão da rejeição e das relações amorosas. Deixo uma questão, se estivessem no lugar da Laura, apaixonar-se-iam pelo João Pedro sabendo que ele tinha a leucemia?

8) Quando terminou de escrever o livro, qual o sentimento?
Sentimento de dever cumprido e acima de tudo um olhar diferente sobre a vida. Foi muito importante a aprendizagem que tive com este livro. Começa-se a dar valor a outras coisas, aos pequenos detalhes da vida, que muitas vezes nos passam ao lado.

9) Qual o seu autor e livro favorito, segue o seu género literário?
Tenho vários. De autores estrangeiros, o meu favorito é o Nicholas Sparks e é no género literário dele que me inspiro para os meus livros. Sou fã incondicional.


De autores portugueses, o José Luís Peixoto que adoro imenso. Tem uma escrita cativante, que vai de encontro as pequenas coisas do dia-dia, de uma forma tão intensa, tão simples que ninguém fica indiferente. Gosto mesmo muito.

Mas leio um pouco de tudo e gosto de descobrir novos autores.

10) Não sendo este o seu primeiro livro, já se deparou com pessoas a ler o seu “Diário de uma Vida”? Se sim, qual a sensação?
Já! É especial, saber que o nosso trabalho é apreciado e valorizado e que o esforço, tempo despendido e dedicação valeram a pena.


11) Os seus géneros literários de escrita são diversificados, qual o que lhe dá mais prazer escrever?
Gosto de todos; até agora só trabalhei a prosa e poesia. Atualmente trabalho mais a prosa e é o que mais gosto, por ser mais abrangente e poder dar mais asas à imaginação. Dá-me mais liberdade para criar personagens e mundos.

Algo que não acontece na poesia. Que tem que ser mais concreta, mais simples e concisa.

12) Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?
Os portugueses cada vez lêem menos, também um pouco fruto da crise que se instalou e isso veio prejudicar os autores.

Infelizmente, em Portugal, um escritor não pode viver apenas da escrita como acontece noutros países.

A maioria dos autores portugueses, mesmo aqueles que já são reconhecidos, precisam de lutar muito para vencer, para conseguirem chegar ao topo e fazer com que o seu trabalho seja valorizado. E têm que estar sempre a provar as pessoas o valor do seu trabalho.

Lembro-me por exemplo do caso do José Luís Peixoto, que há 10 anos editou o primeiro livro “Morreste-me”, em edição de autor e só mais tarde uma editora se mostrou interessada no seu trabalho. E só em 2015 chegou por exemplo ao Brasil.

E se este caminho é difícil para quem já faz parte dele, para os novos talentos: para quem se estreia, ainda se torna mais difícil. Os primeiros passos são dados sozinhos, muitas vezes sem grandes apoios e com muitas portas a fecharem-se mas não há nada que se consiga sem esforço, entrega, dedicação e muita força de vontade. É preciso acreditar e nunca desistir.

13) Como vê a divulgação dos bloggers literários?
Conheci o mundo dos blogues em 2008 com um blogue que criei para escrever coisas mais pessoais, actualmente está desactivo. Uso-o apenas para guardar citações e textos que partilho no meu blogue actual.
Acho que os meios de comunicação não deviam apenas divulgar os blogues de figuras públicas, mas também os blogues de pessoas menos conhecidas.
Ainda existe pouca vontade de divulgar quem é menos conhecido, por acharem que o conteúdo do blogue tem menos qualidade que o de uma pessoa conhecida.

14) Quer deixar alguma mensagem especial aos seguidores do blog Marcas de Leitura?
Claro que sim. Se gostam de escrever, se têm o sonho de editar um livro. Vão em frente, não desistam ao primeiro Não, ao primeiro obstáculo. Insistam.
Continuem a escrever, a arriscar, a experimentar coisas novas.

O mais importante é não desistir. As coisas podem demorar a acontecer, mas acontecem.
Nunca se esqueçam disso.

Um beijinho para todos!


Para já fico-me por aqui e agradeço desde já a sua disponibilidade e simpatia, foi um prazer imenso.
Muito obrigada Ana desejo-lhe os maiores sucessos!

Encomendas em: geral@capitalbooks.net


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