domingo, 8 de março de 2015

Entrevista a Laura Alho, autora de "Um Paraíso no Inferno"


Laura Alho nasceu a 15 de Abril de 1982, em Albergaria-a-Velha, e reside em Aveiro.É formada em Psicologia, com especialização em Psicologia Forense, uma das suas paixões. 
Encontra-se a tirar o doutoramento na mesma área, explorando possibilidades complementares de auxílio à investigação criminal, na Universidade de Aveiro – onde também colabora na lecionação de unidades curriculares. 
O seu entusiasmo pela escrita surgiu desde que começou a desenhar palavras e a dar vida aos personagens da sua imaginação, e é através dela que comunica e partilha as suas experiências reais e ficcionais. 
Um paraíso no inferno é a sua primeira obra, e nela nasceram alguns personagens que irão ter continuidade noutras estórias. 
Podem consultar http://umparaisonoinferno.blogspot.pt/

E porque hoje é o Dia  da Mulher, estivemos à conversa com uma Grande Mulher. Foi um prazer conversar consigo. Muito obrigada Laura :)


1) Como começou a sua paixão pelos livros?

Não me consigo recordar de uma data específica. Lembro-me de não saber ler e de inventar histórias para todas as ilustrações que via. Sempre pedi livros como prendas, porque achava que não havia melhor presente para receber do que um monte de livros novinhos e prontos a serem devorados. Quando comecei a trabalhar e ganhar um salário, boa parte dele era investido nas livrarias. Aliás, ainda hoje o é!
Em suma, sesde que tenho memórias de mim própria, também tenho memórias da minha paixão pelos livros e pela sua magia. Creio que todos os apaixonados por livros partilham da mesma opinião!

2) Quando e como surgiu o gosto pela escrita?

Penso que o gosto pela leitura trouxe, inevitavelmente, o gosto pela escrita. Acho que são quase indissociáveis para mim. Os livros sempre me alimentaram a imaginação e, por essa razão, sempre inventei histórias e sempre as escrevi. Guardo religiosamente todos os meus cadernos e diários, desde a escola primária, até aos dias de hoje.
A escrita sempre foi um escape saudável para mim. Costumo dizer que é terapêutico! Sou capaz de estar horas a fio a compor personagens fictícios ou a escrevinhar sobre situações reais. Rabisco ideias e pensamentos constantemente. É um ato de inteligência que desenvolve o nosso pensamento e nos torna mais críticos e atentos. Devíamos todos fazê-lo!

3) Faz da escrita a sua profissão ou não?

Não e sim. Passo a explicar. Sou formada em psicologia forense e atualmente encontro-me a tirar o doutoramento em Psicologia, trabalhando na investigação. A minha dedicação ao doutoramento é quase exclusiva. No entanto, publicar “Um paraíso no inferno” foi uma decisão consciente e ponderada sobre o futuro. Decididamente, depois do doutoramento, irei dedicar-me com mais afinco à escrita. Até lá, e já falta pouco, tenciono terminar o segundo livro e ir avançando com o terceiro, para o qual já há uma ideia construída.

4) De onde surgem os seus personagens?

Surgem não só da imaginação como das vivências reais. Os meus personagens têm sempre algo real e autobiográfico. É-me fácil transpor situações do dia a dia para o papel, sobretudo quando estou familiarizada com os temas nos quais quero trabalhar e nas mensagens que quero transmitir.

5) Tem algum personagem favorito?

Do livro “Um paraíso no inferno”, tenho dois: a Marta Brandão e Deus. De todos os personagens que escrevi ao longo dos anos, a Marta é aquela pela qual tenho um carinho especial. Foi, em tempos, uma projeção minha, e é uma personagem completa, misteriosa e apelativa (que vai ter continuidade no segundo livro). Em relação a Deus – como resolvi chamá-lo – é a minha voz da consciência. Foi um personagem que me permitiu desenvolver a nível pessoal, enquanto escrevia os seus diálogos. Tornou-se na minha fonte de inspiração ao longo do livro e, por isso, também merece um destaque especial.

6) Já alguma vez se deparou com alguém a ler um livro seu? Se sim, como se sentiu?

Sim, já me aconteceu. Já me aconteceu estar no comboio ou em pastelarias e ver alguém com o meu livro na mão ou num saco de uma livraria. Também já me aconteceu estar na livraria e ver alguém pegar no livro, folheá-lo e decidir levá-lo. A sensação é indescritível. Para uma autora ainda pouco reconhecida como eu, é deveras gratificante perceber que há interesse por parte do público.
Recebo vários emails de pessoas que se encontram em locais geograficamente distintos a partilhar a sua opinião do livro e acho que não há reconhecimento maior do que esse: ter alguém a “perder” um pouco do seu tempo a escrever umas linhas sobre o que sentiram ao ler “Um paraíso no inferno” e de que forma as inspirei. Alegram-me logo o dia!

7) Qual a sensação, ao deslocar-se a uma superfície comercial, e ver os seus livros à venda?

É uma sensação muito boa. Quando vi o meu livro em destaque pela primeira vez na Bertrand, fiquei emocionada. É algo que me faz sentir realizada e que me faz querer continuar a escrever e a partilhar com as pessoas os meus escritos. Saber que já chegou ao Brasil também me deixa verdadeiramente feliz!

8) Quando está a escrever um livro partilha a história com alguém para se aconselhar?

No caso de “Um paraíso no inferno” só três pessoas leram o livro antes de o publicar. Na altura, o livro já estava escrito há oito anos e quis que alguém o lesse. Não tanto para me aconselhar, mas para garantir que a história era cativante. Já o segundo livro que está em vias de ser terminado, terá revisão científica porque há alguns aspetos que quero garantir que sejam tão verdadeiros quanto possível, dentro daquilo que é a ficção.

9) Qual o seu autor e livro preferido? 

Eis a pergunta mais difícil que me é colocada! Não sei se consigo ter um autor ou um livro preferido. Sou uma leitora devota de romances e policiais. Talvez o livro que mais me tenha marcado, por estar numa situação vulnerável e de consciencialização, tenha sido “A saga de um pensador” de Augusto Cury. Foi um livro revelador.

10) Segue o género literário do seu autor preferido, ou adopta outro?

Como não tenho um autor preferido, mas sim vários e todos eles com estilos de escrita e géneros diferentes, tento não me “colar” a nenhum. Aliás, de livro para livro tento colocar algo de novo na escrita. Acho que essa é a magia de escrever: dissertar sobre o que quero da maneira que quero, sem ter que seguir um estilo ou um género específicos.

11) Quando termina de escrever um livro, qual a sensação?

É uma sensação imensa de satisfação. É uma vitória chegar ao fim de um livro que começou com uma ideia e que, no final, está completamente diferente daquilo que tinha imaginado. No momento em que começo a escrever e a desenvolver a história, surgem imensas possibilidades não pensadas até então. É exigente escrever um livro que seja completo, isto é, que tenha personagens cativantes, que seja rico em histórias, e que esteja repleto de mensagens que possam levar à reflexão por parte dos leitores. Enquanto leitora exigente que sou, também exijo que os meus escritos tenham qualidade. Por isso, chegar ao fim de um livro é garantir que consegui cumprir o meu objetivo de ter uma obra cativante (pelo menos para mim).
 
12) Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?

Hoje em dia, publicar um livro não é uma dificuldade como era há décadas atrás. A facilidade de publicação dá a possibilidade a autores anónimos de tentarem a sua sorte no mundo da escrita. E isso oferece ao leitor um vasto leque de alternativas, de todos os géneros, e para todos os gostos. Portugal tem grandes autores e acredito que, apesar da fase crítica económico-social pela qual estamos a atravessar, os livros continuam a ser um bem que se adquire pelo prazer de ler, pelo escape da vida diária, pela cultura. Além disso, é nos momentos críticos que se fazem oportunidades e se criam obras de excelência. A literatura nacional atravessa uma boa fase e, daqui a uns anos, poderemos constatar a elevação de alguns dos novos (e promissores) autores de hoje.

13) Como vê a divulgação dos bloggers literários?

Eu própria comecei com um blog há muitos anos. Foi através do blog “Um paraíso no inferno” (o mesmo nome do livro) que comecei a partilhar alguns dos meus textos, contos e crónicas. Daí ao livro foi um passinho. Sei como, de repente, um blog se torna viral e sei o trabalho que dá geri-lo e mantê-lo atualizado. Por essa razão, admiro todos os bloggers. Aqueles que se dedicam às críticas e divulgações literárias são, para mim, os que mais me interessam. Já li vários livros recomendados através destes blogs e não me dececionei! Trata-se de um excelente meio de divulgação, e é um hobbie (ou profissão, para alguns) que tem o meu devido reconhecimento.

14) Quer deixar alguma mensagem especial aos seguidores do blog Marcas de Leitura? 

Claro que sim! Quero, antes de mais, dar-vos os parabéns por serem amantes da leitura e por dedicarem parte do vosso tempo a esta atividade tão gratificante, e quero desejar-vos a todos as maiores felicidades! Se há coisa que aprendi ao longo destes anos é que devemos agarrar-nos a tudo aquilo em que acreditamos e que nos faz sentir felizes. Esse deverá ser o propósito da nossa vida: sermos pessoas realizadas.
Conheci há pouco tempo o blog Marcas de Leitura e fiquei fã. Um blog atualizado, com sugestões de leitura de qualidade, e boas parcerias. Tenho a certeza que todos concordarão que é um precioso blog informativo e que nos alimenta aquilo que mais precisamos nos dias de hoje: imaginação, cultura, bem-estar. Tudo conseguido através dos livros!

Boas leituras!

Obrigada Laura pelas bonitas e simpáticas palavras com que nos brindou e pelo tempo que nos dispensou.
Desejo-lhe os maiores sucessos!



Caros Seguidores, Leitores e Amigos a Autora tem uma surpresa para nós! Fiquem atentos :)





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