terça-feira, 23 de junho de 2015

Arquipélago de Joel Neto - Livros RTP (opinião)

Edição/reimpressão: 2015
Páginas: 460
Editor: Marcador
ISBN: 9789897541698
Coleção: Marcador Literatura
Dimensões: 155 x 235 x 3 mm
Encadernação: Capa mole
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática:
Livros em Português
Literatura > Romance
Poderão ler as primeiras páginas aqui


Sinopse
Açores, 1980. Uma criança desaparecida. Um homem que não sente os terramotos.

Quando um grande terramoto faz estremecer a ilha Terceira, o pequeno José Artur Drumonde dá-se conta de que não consegue sentir a terra tremer debaixo dos pés. Inexplicável, esse mistério há-de acompanhá-lo durante toda a vida. Mas, entretanto, é hora de participar na reconstrução da ilha, tarefa a que os passos e os ensinamentos do avô trazem sentido de missão.

Já professor universitário, carregando a bagagem de um casamento desfeito e uma carreira em risco, José Artur volta aos Açores. Durante as obras de remodelação da casa do avô, é descoberto um cadáver que o levará em busca dos segredos da família, da história oculta do arquipélago e de uma seita ritualista com ecos do mito da Atlântida. Mas é nos ódios que separam dois clãs rivais que o professor tentará descobrir tudo o que os anos, a insularidade e os destroços do grande terramoto haviam soterrado…

Usando a mestria narrativa e o apuro literário dos clássicos, bem como um dom especial para trazer à vida os lugares, as gentes e a História dos Açores, Joel Neto apresenta o romance Arquipélago, em que a ilha é também protagonista.
Outras Críticas
«Uma belíssima geografia de recomeços. São silêncios como estes que nos agarram pela intimidade. E pela culpa.»
Miguel Guedes

"«Ele sentou-se e olhou para a ilha. Podia estar a pensar: perecemos, cada um sozinho; ou então podia estar a pensar: alcancei, encontrei. Mas não disse nada.»
Virginia Woolf, Rumo ao Farol"

Foi o primeiro livro que li de Joel Neto, mas posso garantir que se trata de uma obra prima.
A escrita do autor é simples, directa, criativa, detalhada, poética, pausada e concisa.
A leitura é agradável, doce, delirante, compulsiva, viciante e fluída. Uma narrativa prazerosa, maravilhosa, deliciosa, cativante e deslumbrante. E o ritmo da leitura é alucinante.

Estamos perante a história de duas famílias açorianas da ilha Terceira, os Drumonde e os Silveira-Duarte e histórias que se entrelaçam entre elas. Além de um enredo bem produzido, fluido e elaborado conta também com um leque de personagens bem construídos que deixam o leitor preso ao livro. Transporta-nos do presente para o passado com fluidez, mestria e primor.

Trinta e cinco anos após o terramoto José Artur Drumonde faz-nos percorrer caminhos nunca antes percorridos nem imaginados, com ele caminhei a par das zonas descritas. As memórias do passado voltam quando José Artur participa nas obras de reconstrução da casa do avô que na altura do terramoto ficou bastante danificada. Quando estão a remover terra por baixo da garagem aparece um esqueleto quase inteiro de uma criança.
De quem seria aquele esqueleto e como teria ido parar ali? O mistério estava no ar e José Artur não iria descansar enquanto não descobrisse a verdade, e o que estava por detrás daquele acontecimento.

Não conhecendo a ilha, nem os Açores, o autor descreve-nos com precisão as paisagens, os lugares e os personagens. A viagem por terras açorianas, torna-se quase real. A cultura a faina, a flora, as planícies, os saberes, os sabores, os aromas e os costumes da ilha. Uma leitura que me prendeu da primeira à última página, onde ri e chorei.

Acabei a ler este romance com lágrimas nos olhos. Que posso dizer sobre o autor que saltou para o primeiro da minha lista dos autores portugueses.

Um escritor com uma técnica de escrita de excelência. Sabe escrever, criar e desenvolver histórias, fez-me sentir cada palavra que lia e à medida que a história avançava, era absorvida por esta narrativa maravilhosa emblemática e poderosa de mistérios, suspense, segredos, culpas, suspeitas, rivalidades, traições, mortes, acção, emoções, superstições e paixões.

Quem parte leva no coração saudades, alegrias, tristezas e o desejo de um dia voltar às suas origens.

Um Excelente contador de histórias, espero que a Academia Sueca olhe para este escritor e lhe atribua um Nobel de literatura. Um livro que daria um excelente filme.

Obrigada Joel por ter pegado num argumento tão belo do nosso país como os Açores. São pedaços e símbolos de terra que muitos de nós não conhecemos e ficamos com a curiosidade e o interesse de irmos à descoberta. Foi assim que a leitura deste livro me deixou.

O autor presta assim uma verdadeira homenagem à terra que o viu nascer e crescer. Os Açores por sua vez deviam enaltecer e agradecer ao Joel Neto que escreveu um livro brilhante como o Arquipélago.

Joel Neto

Joel Neto (Angra do Heroísmo3 de Março 1974) é um escritor e cronista português, autor de Arquipélago.

Autor de ArquipélagoOs Sítios Sem Resposta e O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas, entre outros, Joel Neto publica diariamente no jornal Diário de Notícias a coluna A Vida No Campo, série de relatos sobre o seu próprio regresso à Terra Chã, freguesia rural da ilha Terceira (Açores).
O seu primeiro romance, O Terceiro Servo, integra o Plano Regional de Leitura dos Açores e fez parte da área de Estudos Açorianos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no Brasil. O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas, que publicou a seguir, foi adoptado como leitura obrigatória pela Universidade dos AçoresJosé Mourinho, o Vencedor, biografia do treinador de futebol homónimo, foi traduzido em Inglaterra e na Polónia.
Para além dos livros e dos contos dispersos, que o representam em antologias em Portugal, Espanha, Itália ou Brasil, mantém, enquanto cronista, colaboração activa com diferentes jornais portugueses, açorianos e da diáspora portuguesa nos Estados Unidos e no Canadá.
Estudou Relações Internacionais e, como jornalista, trabalhou na imprensa, na televisão e na rádio, nas qualidades de repórter, editor, chefe de redacção, comentador, autor de conteúdos e apresentador. Grande ReportagemVolta ao MundoNS' , FocusJornal de Notícias e O Jogo são apenas algumas das publicações a que ligou o seu nome.
Na estação pública açoriana de televisão, RTP/Açores, os seus programas Choque de Gerações (2004-2005) e História da Minha Vida (2005-2007) atingiram alguma notoriedade. Foi colaborador da TSF-Rádio Jornal, integrou o painel de comentadores de golfe da estação SportTV e ganhou os prémios Gazeta de Reportagem, José Roquette e Jornal da Praia.
Vive entre a Terra Chã, onde cresceu, e a cidade de Lisboa.



Sem comentários:

Enviar um comentário